Para
chegar ao Egito foi necessário percorrer um longo percurso. Foram trinta e oito
horas de inúmeras conexões e uma eternidade de espera. Quando cheguei ao Cairo,
a impressão que tinha era a de que já havia se passado uma vida desde que sai
de casa.
O
avião começava a aterrissar, muito lentamente, e eu não conseguia acreditar que
realmente havia chegado à África! Um mundo de cultura completamente
desconhecida esperava por mim, mal podia esperar para começar a descobrir cada
detalhe surpreendente que certamente esperava por mim nesse país. O primeiro
choque cultural foi sentido no segundo em que pisei os pés em solo egípcio.
Aqui as pessoas fumam muito e o tempo todo, é possível sentir o odor da fumaça
no mesmo instante em que você chega.
Feliz
por ter chegado bem e grato pelo avião não haver caído no meio do caminho,
seguia caminhando pelos corredores do aeroporto. Não conseguia, e sigo sem
conseguir, entender uma palavra sequer dos anúncios escritos em árabe. Mas não
ligo, talvez eu aprenda com o tempo. Ou não.
Ao
chegar no local onde despacham as malas, tive a péssima surpresa de saber que
haviam extraviado a minha mala. Com todas as minhas roupas. Todas. Fiquei por
algum tempo parado, apenas analisando o que faria a seguir. Estressar-me não
levaria a lugar algum, então me sentei e tentei relaxar, sabendo que não
conseguiria muito avanço em uma situação como aquela. Minutos se passaram e
após esse pequeno choque, fui fazer a minha reclamação com a companhia aérea e
me encaminhei para a saída do aeroporto, sem a minha mala, é claro. Me pediram
para esperar dois dias enquanto a achavam no inferno, onde quer que eu o
inferno seja. Enquanto isso sigo sem roupas.
Outra
diferença que notei por aqui, é que as pessoas não podem esperar por outras
dentro do aeroporto. Policiais armados ficam na porta, inspecionando quem entra
e quem sai.
Como
esse era o meu dia de sorte, é claro que os policiais me pararam, não é? Na
Alemanha, local onde fiz uma das conexões aéreas, já haviam me revistado e
interrogado duas vezes, além de fazerem testes para comprovar que eu não uso
cocaína. Sim, eu ri quando o homem com cara de poucos amigos me perguntou:
“Você
usa cocaína?”
Talvez
fosse o sono e o cansaço, ou talvez eu tenha cara de drogado mesmo, ainda não
sei bem.
Na
Alemanha haviam deixado todos passar, menos eu. E, claro, no Egito aconteceu o
mesmo. Me interrogaram outra vez, me fizeram tirar todas as minhas coisas de
dentro da mochila, de forma bem rude, e depois me liberaram.
Após
tantos problemas, tive uma boa surpresa ao chegar à saída do aeroporto. Um
amigo egípcio, que esteve fazendo intercâmbio no Brasil alguns meses atrás,
esperava por mim. É muito bom ver alguém conhecido quando estamos sozinhos e
tão longe de casa.
Mas
lembra de quando eu disse que esse era o meu dia de sorte? Pois é, eu não estou
exagerando. O pessoal da organização esqueceu de ir me buscar no aeroporto.
Vamos
recapitular? Estava sem mala, sem celular, aparentemente com cara de drogado e
ainda haviam se esquecido de ir me buscar no aeroporto. Ótimo.
Caraca! por mais problemas que apareceram deve ter sido uma grande aventura, hahaha..
ResponderExcluirAdorei o blog
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