Sinopse:
A história é narrada por um intelectual grego que, depois de ser chamado de "roedor de papéis" pelo grande amigo Stavridákis , decide lançar-se em uma empreitada arrojada: explorar uma mina de linhito em Creta. Num bar do porto, pouco antes de embarcar, conhece Aléxis Zorbás, a quem contrata para chefiar os trabalhos. Ao chegar à ilha, instalam-se temporariamente na casa de Madame Hortense, uma velha atriz do amor francesa que vive de seu passado e que logo cede aos encantos do empregado-chefe.
"Vida e Proezas de Aléxis Zorbás" consegue ser ao mesmo tempo um romance de aventura, que se lê com febre, e um romance de formação, que transforma. Como em todo grande livro, sua leitura não é apenas uma experiência literária de excelência, é uma experiência de vida.
Resenha:
Dois
homens destinados à uma amizade forte que transcende o tempo e o espaço.
Enquanto um, sem nome e conhecido como “patrão”, busca o autoconhecimento
através dos livros e das palavras, o outro, Aléxis Zorbás, ensina que a melhor
forma de aprender a viver é vivendo. E viver não é apenas passar os dias, é ter
a emoção de ver o canto dos pássaros, sentir a brisa vinda do mar, o brilho do
sol e a paixão feminina como se fossem a primeira vez, afinal para ele a vida é
uma sucessão de primeiras vezes.
A
história do livro é simples, não tem grandes acontecimentos ou reviravoltas,
mas ao ler a obra sentia-me volver ao passado, quando ainda era uma criança e
sentava-me aos pés da minha bisavó para escutar as histórias que tinha para me
dizer. Eu viajei para a Grécia, para as praias e senti o povo, as comidas e as
paisagens dentro de mim através das palavras sensoriais de Nikos Kazantzákis.
A
amizade dos nossos dois protagonistas se desenvolve com o decorrer dos capítulos,
lentamente e de forma gradual. Existe uma cena, A CENA, que realmente me
emocionou com o sentimento de libertação que vem sendo esperado desde o início.
Quando o patrão se liberta, o leitor também sente, se liberta com ele, ao lado
dele. E juntos, como o próprio Zorbás fazia, sentimos vontade de dançar para
expressar o que as palavras não podem dizer.
No
entanto, ao mesmo tempo em que o enredo é belo, também consegue ser polêmico.
Por haver sido escrito em uma época com uma realidade muito diferente da que
vivemos, podemos perceber pontos de vistas extremistas em relação à mulher,
tratando-a como um ser quase sem cérebro, incapaz de realizar muito mais do que
se espera. Mas tal misoginia é compreensível, afinal trata-se da década de 40,
na Grécia.
Também
existe a versão para os cinemas intitulada Zorba, o grego, do ano de 1964. Eu
ainda não conferi, mas irei buscá-lo depois, pois muitos dizem que o filme é
tão rico quanto o livro.
Ao
final da obra tudo o que pude sentir foi tristeza por precisar me despedir do patrão,
do esperto e por vezes irritante Zorbás, da Bubulina e seu papagaio, do pequeno
povoado e das centenas de histórias que um povo pode contar. A obra é brilhante
em todos os aspectos e merece ser lida com calma, digerida página por página.
Sem dúvidas todo leitor voraz precisa conferir Vida e Proezas de Aléxis Zorbás.
“Cada
homem tem a sua loucura, mas acho que a
maior loucura é a gente não ter loucura alguma.”